A terapia com radionuclídeos é uma modalidade de tratamento que utiliza fontes radioativas, conhecidas como radionuclídeos, para destruir ou controlar células cancerígenas ou outras doenças. Essa terapia é baseada no conceito de que a radiação ionizante emitida pelos radionuclídeos pode danificar o DNA das células-alvo, levando à morte celular ou à inibição do crescimento tumoral. A aplicação da terapia com radionuclídeos é abrangente, incluindo várias doenças e condições médicas, com diferentes radionuclídeos e modos de administração.

Princípios da Terapia com Radionuclídeos:

  1. Decaimento Radioativo: Os radionuclídeos são átomos instáveis que emitem partículas ionizantes (por exemplo, partículas alfa, beta ou fótons gama) à medida que decaem para um estado mais estável. Essas partículas podem penetrar nas células e danificar suas estruturas, especialmente o DNA. Os radionuclídeos utilizados nessas terapias geralmente possuem um decaimento rápido, ou seja, um curto tempo de meia vida, por tanto depois de um certo tempo no corpo a dose de radiação emitida por eles diminui.
  2. Efeito Letal sobre Células: A radiação ionizante pode causar danos irreparáveis no DNA das células, levando à morte celular ou à incapacidade de se dividirem e se multiplicarem.
  3. Alvo Terapêutico: Os radionuclídeos são selecionados com base na afinidade pela doença ou órgão-alvo. Isso permite que a radiação seja direcionada especificamente às células que se deseja tratar, minimizando o dano às células saudáveis circundantes.

Aplicações da Terapia com Radionuclídeos:

  1. Terapia de Iodo-131 (131I) para Câncer de Tireoide: O iodo-131 é usado para tratar o câncer de tireoide. O paciente ingere uma cápsula ou solução de 131I, que é absorvida pelas células da tireoide, onde emite radiação beta que destrói as células cancerígenas.
  2. Terapia de Iodo-131 (131I) para Metástases Ósseas: O iodo-131 é também usado para tratar metástases ósseas provenientes de cânceres da tireoide e outros tipos de câncer. O radionuclídeo é injetado na corrente sanguínea e se acumula nas áreas afetadas dos ossos, liberando radiação beta para destruir as células metastáticas.
  3. Terapia de Radiofármacos Peptídicos: Radiofármacos com peptídeos, como Lu-DOTATATE ou Lu-PSMA, são usados para tratar tumores neuroendócrinos ou câncer de próstata avançado. Esses radiofármacos têm afinidade por receptores específicos nas células cancerígenas, permitindo o direcionamento da radiação para as células afetadas.
  4. Terapia com Radioimunoterapia: Anticorpos monoclonais ligados a radionuclídeos, como o Y-90 ou I-131, são usados para tratar linfomas e outros cânceres hematológicos. Os anticorpos se ligam a antígenos específicos nas células cancerígenas, direcionando a radiação para eliminar essas células.
  5. Terapia com Radioisótopos para Tratamento da Dor Óssea: O rádio-223 é usado para tratar a dor óssea associada a metástases de câncer de próstata. O radionuclídeo se acumula nos ossos afetados, emitindo radiação alfa que alivia a dor e destrói as células tumorais.

A terapia com radionuclídeos é altamente especializada e requer uma equipe multidisciplinar de profissionais, incluindo médicos nucleares, radioterapeutas, físicos médicos e farmacêuticos nucleares. A escolha do radionuclídeo, sua dosagem e o planejamento do tratamento são personalizados para cada paciente, levando em conta a condição médica, a extensão da doença e a resposta esperada ao tratamento. A terapia com radionuclídeos tem se mostrado eficaz e promissora em várias condições médicas, oferecendo novas perspectivas no campo do tratamento oncológico e em outras doenças.